Autor - Lev Tolstói
Tradução - Irineu Franco Perpetuo
Editora - Folha de SP
Gênero - Drama
Páginas - 80
Ano - 2016
ISBN - 9788579492730
Classificação - ⭐⭐⭐⭐⭐
Sinopse - "Tolstói utiliza a agonia de um jurista bem-sucedido para refletir sobre questões filosóficas como o sentido da vida e a inevitabilidade da morte, e sua opção por uma linguagem simples e direta não deve ser confundida com falta de elaboração literária."
O que estou fazendo da vida? Será que se eu morresse amanhã, estaria satisfeita com minhas realizações até aqui? São perguntas que já passaram pela minha cabeça e, imagino, que também já passaram pela de vocês. Esse pensar a dimensão da vida pela morte é o paradoxo central da novela "A Morte de Ivan Ilitch".
Escrito em 1886, com uma narrativa vigorosa, Tolstói estabelece quem foi Ivan Ilitch pelos olhos das pessoas que conviviam com ele. Isso acontece logo no início, quando nos deparamos com o velório do protagonista. Como já esclarece o título, Ivan vai morrer, mas o que surpreende é a reação inicial das pessoas, do tipo: antes ele do que eu. Esse ar sincero absorvido por todo texto expõe situações nuas e cruas que chocam e ecoam por nossas mentes.
Ivan era um funcionário público acomodado. Medíocre como profissional e como pai de família, teve uma vida insípida. Mas ele só começa a refletir sobre a trajetória de sua vida a partir do momento que aceita que viverá o resto de seus dias em determinada situação. É aí que a história fica incrível, pois ele é forçado a olhar para sua própria finitude, sua própria dor. Esse encontro com ele mesmo permite uma análise sobre o todo da existência, um sentido verdadeiro para vida e morte. Sua consciência emerge e sonda a dimensão da espiritualidade.
A figura do criado Guerássim tem referência as falas do filósofo Jean-Jacques Rousseau sobre o "bom selvagem", aquele que não foi contaminado pela civilização, e por isso tem atitudes francas, é simplório e tem uma beatitude espontânea. É exatamente por isso que Guerássim é a única pessoa com que Ivan consegue ter contato físico, conversar e, até, sentir alívio em sua presença.
As últimas passagens do enredo são de uma beleza profunda e poderosa. "A Morte de Ivan Ilitch" é uma narrativa curta e agoniante que provoca indagações. Tem uma crítica social aguda a superfluidade das classes abastadas da Rússia daquela época, e que facilmente pode ser usada nos dias atuais. Mas acima de tudo é um presente que Tolstói deixou para nós como um alerta existencial. Então termino repetindo as perguntas do início: O que você está fazendo da vida? Será que se você morresse amanhã, estaria satisfeito com suas realizações até aqui?
Independente das suas respostas, saiba que diferente de Ivan Ilitch, nós temos tempo, temos oportunidades... Aproveite ou mude para aproveitar.
Beijos, um ótimo voo a todos e até a próxima!💖📚
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