Título Original - To the Lighthouse
Autora - Virginia Woolf
Nacionalidade - Britânica
Tradução - Tomaz Tadeu
Editora - Autêntica
Gênero - Drama
Páginas - 256
Ano - 2021
ISBN - 9788582171981
Classificação - ⭐⭐⭐⭐⭐💖
Sinopse - "Ao Farol é a história de um casamento e de uma infância. É um lamento de dor pela perda de pais fortes e amados. Virginia Woolf queria chamá-lo "elegia" em vez de romance. O livro também diz respeito à estrutura de classe inglesa e à radical ruptura com o vitorianismo após a Primeira Guerra Mundial. Ele é a expressão da urgente necessidade de uma forma artística que pudesse registrar e adaptar-se a essa ruptura. Ele é todas essas coisas ao mesmo tempo."
🌊"QUAL É O SIGNIFICADO DA VIDA? ISSO ERA TUDO - UMA QUESTÃO SIMPLES; UMA QUESTÃO QUE TENDIA A NOS ENVOLVER MAIS COM O PASSAR DOS ANOS. A GRANDE REVELAÇÃO NUNCA CHEGARA. A GRANDE REVELAÇÃO TALVEZ NUNCA CHEGASSE."
◽Fazia tempo que não me sentia tão acolhida e abraçada por uma obra. Apesar de ser um livro melancólico, que trata perdas e finais, ele conversou comigo de forma única e me tocou profundamente.
◽Não que eu tenha entendido tudo o que o livro tenha para oferecer, pelo contrário. A escrita da Virginia Woolf é tão bela e rica, que provavelmente toda vez que eu reler "Ao Farol", irei me deparar com novos ensinamentos.
🌊"Por debaixo é tudo escuro, é tudo dispersão, é insondavelmente profundo; mas, de quando em quando, subimos à superfície e é através disso que somos vistos."
"Ao Farol" é subjetivo, dando margem a inúmeras interpretações.🗣 Confirmamos isso no debate enriquecedor dos Extras do Clube Lendo Rainha Christie.
📑A história é dividida em três partes: A Janela - cobre um fim de tarde e noite de um dia de setembro; O Tempo passa - cobre um período de 10 anos, incluindo a 1ª Guerra Mundial; O Farol - cobre uma manhã após o final da 1ª Guerra Mundial.
As construções dessa narrativa partem de perspectivas, pouquíssimo diálogos e muitos pensamentos e reflexões das próprias personagens.
🌊"Pois agora não precisava pensar em ninguém. Podia ser ela mesma, ela só. E era disso que agora, frequentemente, sentia necessidade - de pensar; bom, nem mesmo pensar. Ficar calada; ficar só. Todo o ser e todo o fazer, expansivo, resplandecente, vocal, evaporava-se; e nos reduzíamos, com uma sensação de solenidade, a sermos nós próprios, a um núcleo de escuridão em forma de cunha, algo invisível para os outros."
Logo na primeira parte, conhecemos a Sra. Ramsay, nossa protagonista, mãe de 8 filhos, uma verdadeira matriaca em um cenário patriacal. A Sra. Ramsay é uma personagem extremamente complexa, algumas vezes fiquei balançada pelas atitudes e pensamentos preconceituosos dela, mas foi impossível não admirá-la em muitos outros aspectos. O refletir de sua vida e de si mesma que ela faz em alguns poucos segundos de sua rotina conturbada foi o que bastou para minha identificação com essa mulher forte e lutadora.
🌊"Eles vinham até ela, naturalmente, pois era uma mulher, o dia todo, com isto, com aquilo, um querendo isto, outro, aquilo; os filhos estavam crescendo; ela sentia, muitas vezes, que não passava de uma esponja encharcada de emoções humanas."
A segunda parte vem como um soco no estômago, um chacoalhar para a realidade. O Tempo, como o personagem supremo, se mostra resoluto, absoluto, devastador. Ele nunca para! E independende de qualquer coisa, ele passa, ele sempre vai passar.
Contrastando com a Sra. Ramsay, temos a Lily Briscoe, outra mulher forte, solteira, artista e grande observadora da natureza humana, é ela que guia a terceira parte e retoma o passado, analisando e pintando rupturas.
🌊"O vetusto Farol, distante, austero, no meio; e à direita, tanto quanto a vista alcançava, desvanecendo e desaparecendo, em pregas suaves e estreitas, as verdes dunas de areia, cobertas pelo ondulante capim silvestre que sempre parecia estar fugindo para algum rincão lunar, vazio de homens."
"Ao Farol" é um livro vasto de temas, eu poderia ficar citando todos aqui, mas não acho necessário. Ele vai conversar com cada leitor de um jeito diferente. Para mim, a Sra. Ramsay é o Farol desse livro, sua luz ilumina e unifica. Saio dessa leitura convicta de que eu tenho muitas Ramsays na minha vida. Vocês, voadores, também são esses faróis. Espero continuar tendo sabedoria para absorver todos os flashes de luz que recebo diariamente.
Um grande beijo, um ótimo voo a todos e até a próxima! 📚💖
🌊"MAS ESSA ERA APENAS UMA DAS MANEIRAS DE CONHECERMOS AS PESSOAS, PENSOU ELA; CONHECER O ESBOÇO, NÃO O DETALHE."
Dois trechos que misturam sentimentos e natureza que eu amei:
🌊"O monótono quebrar das ondas na praia, que, na maior parte do tempo, dava uma compassada e calmante cadência aos seus pensamentos e parecia repetir como um consolo, sempre e outra vez, enquanto estava ali sentada com os filhos, as palavras de alguma antiga canção de ninar, murmurada pela natureza: "eu cuido de vocês - eu sou o seu amparo."
🌊"Vinham aqui regularmente todo fim de tarde impelidos por alguma necessidade. Era como se a água fizesse vir à tona e pusesse a singrar pensamentos que tinham se tornado estagnados em terra firme, e desse a seus corpos inclusive algum tipo de alívio físico. Em primeiro lugar, a pulsação da cor inundava a baía de azul, e o coração se expandia com ela, e o corpo nadava, apenas para ser freado e arrefecido, o instante seguinte, pela pungente negrura sobre as encrespadas ondas. Depois, para o alto, de trás da grande rocha negra, jorrava, quase todo fim de tarde, irregularmente, de maneira que se tinha de ficar à espreita e era uma delícia quando chegava, uma fonte de água clara; e então, enquanto se aguardava, via-se, no semicírculo da branca praia, uma onda atrás da outra largando delicadamente, uma vez e outra mais, uma lâmina de madrepérola."
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